Por Lucas Iglesias
Após forte recuperação no preço dos ativos (ações), nossa bolsa, o Ibovespa, chegou próximo a região dos 100 mil pontos. Muitos investidores ainda estão bastante cautelosos em relação a qual decisão tomar. Afinal, estão numa escolha de Sofia diante do cenário que iremos ver para os próximos anos. Migram para renda variável ou ficam na renda fixa em juros próximos a 2% a.a.?
“A escolha de Sofia” é uma expressão que invoca a imposição de se tomar uma decisão difícil sob pressão e enorme sacrifício pessoal. O romance de William Styron, conta a história de Sofia, uma polonesa que, sob acusação de contrabando, é presa com seus dois filhos pequenos, um menino e uma menina, no campo de concentração, de Auschwitz durante a II Guerra. Um sádico oficial nazista dá a ela a opção de salvar apenas uma das crianças da execução, ou ambas morrerão, obrigando-a à terrível decisão. O trauma é relembrado por Sofia em 1947, quando ela, morando em Nova York e casada com um judeu americano, vive um triângulo amoroso com um aspirante a escritor.
Voltando à nossa realidade, os investidores, aqui no Brasil, acostumaram-se com o rentismo de juros elevados e, consequentemente, pela falta de interesse de entender de finanças e investimentos. Esse novo paradigma, que iremos ver para os próximos anos de juros baixos e valorização de ativos reais, forçará as pessoas a conviver com as oscilações do dia a dia do mercado financeiro. Entretanto, para muitos, isso ainda é uma escolha muito dolorosa, afinal, como conviver com perdas de capital investido?
Essa crise que estamos passando, posso dizer, foi uma verdadeira aula de resiliência e procura por informação. Ficou claro que aquele investidor, que tem uma assessoria e busca por informação, procurou não tomar escolhas precipitadas e começaram a entender essa dinâmica de mercado, afinal, a cada dia, para remunerar nosso capital, teremos que – cada vez mais – ter que tomar risco e enfrentarmos situações dolorosas como a escolha de Sofia.
